sábado, 23 de abril de 2011

O Futebol e a Democracia: Dois Amores em Crise.

 Talvez não se recordem, mas Portugal está numa crise politico-social-economica-democratica-demografica-tudo-e-mais-alguma-coisa. Aliás, a única coisa que escapa a esta crise são os adjectivos utilizados para a descrever pelos media. O que também não falta aos media são culpados, efeitos e agentes da crise. Ver o telejornal hoje em dia, faz-me lembrar os meus tempos na pré-primária quando todos os dias aprendia uma nova letra. A diferença é que agora todos os dias aprendemos novos nomes e novas causas da crise. No entanto, o sector de "soluções para a crise" dos media também parece estar em crise.
 Uma das coisas esquisitas que têm acontecido durante esta "crise" foi a manutenção do IVA no golf a 6%- "Que estupidez!"- pensei eu ingenuamente na altura. Pois bem, ficaria a cargo dos deuses provarem-me que afinal a camada política do país não seria assim tão otária como eu achava. A verdade é que para desanuviar da política comecei ir mais à bola apoiar a minha segunda paixão vermelha : o Benfas.
 Quando vi o 1-2 em casa contra o Porto, lembrando-me do 5-0 no Dragão e mais recentemente 1-3 na meia-final da Taça; percebi tudo: Os 6% do IVA no golf serviram para que as bolas de golf fossem acessíveis a todos os adeptos do Benfica, que na quarta-feira passada faziam nevar flocos de neve que podiam ter rachado cabeças. Mas as únicas cabeças a rachar foram as dos próprios benfiquistas ao baterem com  a cara numa parede qualquer após o golo do Falcão.
Ainda tenho um penso na testa.
Mas os nossos políticos (os da bola e os outros) são ainda mais inteligentes! O FMI vai ser a próxima organização de futebol com ligas internacionais. Se este ano, o fim da liga Europacontempla dois países conhecidos do FMI, a Irlanda (a final será em Dublin) e Portugal (a não ser que as 3 equipas morram todas num acidente de avião), para o ano a liga do FMI vai contar com Espanha, França, Itália, etc...

Quem sabe se a liga FMI na próxima época não vai ter excesso de participantes....

8 comentários:

  1. E acredita que vai chegar o tempo das ligas de futebol americano em que o grande participante será os EUA.

    Piadas à parte: Sinceramente não compreendo isto. As pessoas vêem nas notícias que Portugal está mal, o FMI vem aí, e por aí fora... Mas ninguém ainda teve a coragem de ir ver as contas públicas da França, Itália, EUA e de muitos outros países? Por exemplo, nós temos uma divida que está a quase a chegar aos 100% do PIB, mas a França já chegou aos 200% (ou se não chegou está mesmo na margem). Simplesmente cairam-nos em cima por sermos um país pequeno. E nós deixamos.

    Abraços e boa páscoa

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  3. @Little Knight

    Não. A França não tem uma dívida de 200% do PIB. Não sei de que fontes veio esse dado mas é falso. A dívida pública do Estado Francês situa-se na casa dos 80%.
    A de Portugal também não está a roçar os 100%. Situa-se, salvo erro, entre os 85% e os 90%. É bastante alto de qualquer maneira.

    O que estás a dizer sobre a Itália e Bélgica (acrescento eu) não é incorrecto. Mas se fores ver os dados europeus sobre a dívida soberana desses dois países nos últimos 15 anos vais ver que foram raras as vezes que não estivesse acima dos 100% do PIB. É preocupante porque isto significa uma violação gravíssima do Tratado de Maastricht que estabelece um limite de 60%. Todavia, vamos a ver a brutal capacidade económica destes países e comparemo-la com Portugal...

    Sim nós deixamos isto tudo acontecer. Sejamos francos o povo tem sempre o líder que quer. Olhem para a Itália. Berlusconi está lá porque como os Italianos que votaram nele dizem: "Berlusconi é a soma de toda a corrupção que os Italianos têm dentro deles".

    Temos de revolucionar isto mas temos de perceber que é preciso trabalhar e muito.

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  4. @ João Quartilho

    Bom comentario, os números que eu tenho também são esses. Talvez acrescente só isto : Os únicos países europeios com a dívida pública acima dos 100% são a Grécia e a Itália. A seguir temos a Islândia e a Bélgica a próximo dos 100%. E depois lá vamos nós, a França e Alemanha entre os 75% e os 90%.

    Mas há diferenças mesmo dentro da dívida pública. Não se esqueçam que a dívida pública engloba dívida externa e interna. E geralmente quanto maior a dívida interna, maior a pública.

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  5. @ Miguel Saraiva

    Podíamos ficar aqui o dia todo a discutir números mas não teria muito interesse. Eu encontro que a Bélgica ultrapassou os 100% mas não importa. Isto leva-nos a reflectir sobre o os media e a falta de coordenação dos organismos nacionais com os europeus. A falta de transparência é terrível, com a OCDE a dizer uma coisa, o Eurostat o contrário e os governos no meio.
    Para além disso temos jornalistas que não sabem do que falam (e eu sou de Humanidades não de Economia). Lembro-me no outro dia, o jornalista a afirmar convictamente que o empréstimo a Portugal se situaria entre as brutais quantias de 80 a 120 milhões de euros.

    Mas enfim. Já agora quanto à questão da dívida. Não percebi muito bem o que querias dizer com "interna". Quer isto dizer a dívida que Portugal tem? Ou a dívida que tem como credor um nacional?

    Se for o primeiro concordo. A dívida privada (empresas e privados) já ultrapassou os 200% do PIB e, uma vez que os Portugueses que estão no nas empresas são os mesmos que gerem o Estado podemos afirmar que é o problema de mentalidade de consumismo e facilitismo na gestão.

    Se for o segundo, discordo. Um dos erros dos Governos dos últimos 15 anos foi optar por uma dívida externa mais barata, em vez de dar essa oportunidade a reformados/pensionistas/cidadãos em geral de ter umas poupanças a boa taxa de juros e manter a dívida nos limites nacionais. Assim os Portugueses não estariam tão pobres e o Estado não estaria sob ameaça externa.

    Já agora acrescento ainda algo mais: a dívida das empresas públicas não está contemplada na dívida directa do Estado. As empresas públicas têm absorvido dívida da Administração Central de maneira a mostrar aos Portugueses, erradamente, que o défice a dívida públicos estavam contidos. Mentira. As empresas públicas estão completamente descapitalizadas, endividadas, deficitárias e ainda dão prémios e bónus aos gestores incompetentes.

    Já para não falar dos esquemas de Património e as Parcerias Público-Privadas e dos Hospitais-empresa.
    Enfim...

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  6. Dívida pública integra dívida a entidades privadas nacionais e entidades estrangeiras. Mas o que eu estava a dizer não era que os meus números estavam mais correctos. Estava a dizer que se aproximavam muito dos que o que eu tinha.

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  7. Esclarecido, obrigado.

    Continua com o blogue!

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  8. Peço desculpa pelo lapso. Enganei-me no país. A Grécia é que tem uma dívida pública perto dos 200% (anda na casa dos 150% - 160%). A divida portuguesa está na casa dos 80% - 90%. Mas visto isto, a divida francesa sempre esteve mais alta que a portuguesa... Nós, como país pequeno que somos, é que levamos por tabela. Um país que tem uma divida maior que Portugal é os EUA, que andam na volta dos 90%.

    E mais uma vez peço desculpa pelo lapso

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