domingo, 17 de julho de 2011

Quem culpo?

Nos últimos exames nacionais que fiz tive 12 a Português e 12 a História. Fui com média de 16 e de 17, respectivamente. Fartei-me de estudar, fiz os exames que me pareceram facílimos e comparei as minhas respostas com os critérios de correcção do GAVE. Tudo parecia encaixar-se e sempre apontei para notas mais elevadas. Diria mesmo que achei possível ter 20 a Português. Como qualquer estudante pode perceber, estes exames desceram em muito a minha média final de cada disciplina e poderá comprometer a minha entrada na faculdade. Sempre fui um aluno especialmente interessado nestas duas disciplinas. Como ainda não vi o meu exame também não posso falar com certezas mas tenho uma imagem bem nítida do que fiz e não concordo com nenhuma das notas. Isto poderá soar cliché, visto que toda a gente com maus resultados costuma refilar dos exames. Há sempre quem gosta de culpar o corrector, há quem culpe os professores, há quem culpe o amigo que convidou para uma saída à noite durante o período de estudo, há quem culpe os pais por não terem posto explicações etc.
 Mas a minha batalha com os exames já vem desde o ano passado. No11º ano tive exames de Literatura Portuguesa e Geografia A. Embora a Geografia eu não me possa queixar (tive 13 e o recurso só me aumentava para 14 e eu precisava de 15), já a Literatura o caso foi diferente. Tive 15, o que não é nada mau, mas achei que por mérito merecia mais. As correcções na minha folha de exame eram quase inexistentes, contendo apenas frases mal sublinhadas.
Apesar das minhas notas, sempre achei os meus exames nacionais fáceis. E, de facto, é inegável o aumento da facilidade dos exames nos últimos 6 anos (é a realidade que conheço). Segundo esta lógica, eu deveria beneficiar deste facilitismo e ter boas notas. Mas tal não se sucede. Então porquê?
Porque parece que o facilitismo (como não podia deixar de ser) é relativo. O facilistismo, que o Ministério está interessado em manter para apresentar estatísticas em Bruxelas, prende-se com o seguinte ponto de vista: estereotipar as perguntas, bem como as respostas. Que quer isto dizer que as perguntas são feitas de forma a que a resposta seja um reflexo e não um raciocínio. E há quem se adapte muito bem a este modelo. O aluno em vez de raciocinar e conseguir ir mais além do que a questão, focando pontos que por si levantam outras questões e outras conclusões, passa a despejar algo básico, badalado, simples e às vezes até redundante. E o pior, é que este tipo de respostas são salvaguardadas pelos critérios de correcção que não admitem outras perspectivas  e (como é o caso do texto B em Port) nem avaliam os conteúdos.
Ah, então devo culpar o Ministério da Educação?
Não. Isso foi no ano passado.
Já no ano passado tinha experienciado  os exames e este ano achei não correr o erro do ano passado e estupidificar as minhas respostas ao máximo. E surpresa! Os critérios de correcção vinham de acordo com as  minhas respostas. Então como é que tive 12?
Pois, é algo que só saberei amanhã.
Mas então, sem Ministério para culpar, culpo quem?
A mim? Sabendo que estudei mais do que costumo, sendo condescendente com o corrector, estando de acordo com os critérios, tendo feito os exames com grande tranquilidade e estando interessado nas disciplinas?
A mim, que durante os últimos 3 anos de escola construí uma média de 17.2 e 18.6 no meu último ano?
Culpo a minha escola que tem dos melhores professores do país, no top 20 de escolas portuguesas, conhecida por ser exigente?
Não.
Na verdade não existe ninguém culpável pela minha nota.
Um sistema educacional que se abriu só há 37 anos e que formou mal professores, que ensinaram mal os seus alunos, um sistema educacional que se vendeu à quantidade de licenciados, desprezando a qualidade das licenciaturas, que permite irregularidades como completar o secundário em apenas um ano, ou dispensar de exames nacionais ou passar do 8º para o 10 º ano, que não chumba alunos e que se desvirtuou da sua função primordial (educar o país)....
Um sistema educacional destes não permite sequer estabelecer-se uma avaliação justa e igual.
De tal forma que o meu 12, a  mim me vale 20.
Pena é saber que na vida profissional vai ser pior.
Com um país mal-educado vai ser difícil querer trabalhar cá e educa-lo.

sábado, 30 de abril de 2011

Reflexões de um Miúdo de Esquerda.

Desde muito novo percebi que era de esquerda. Sempre achei mais normal tentar estabelecer-se uma igualdade entre as pessoas do que criar um jogo onde alguns jogadores já têm mais avanço do que outros.

sábado, 23 de abril de 2011

O Futebol e a Democracia: Dois Amores em Crise.

 Talvez não se recordem, mas Portugal está numa crise politico-social-economica-democratica-demografica-tudo-e-mais-alguma-coisa. Aliás, a única coisa que escapa a esta crise são os adjectivos utilizados para a descrever pelos media. O que também não falta aos media são culpados, efeitos e agentes da crise. Ver o telejornal hoje em dia, faz-me lembrar os meus tempos na pré-primária quando todos os dias aprendia uma nova letra. A diferença é que agora todos os dias aprendemos novos nomes e novas causas da crise. No entanto, o sector de "soluções para a crise" dos media também parece estar em crise.
 Uma das coisas esquisitas que têm acontecido durante esta "crise" foi a manutenção do IVA no golf a 6%- "Que estupidez!"- pensei eu ingenuamente na altura. Pois bem, ficaria a cargo dos deuses provarem-me que afinal a camada política do país não seria assim tão otária como eu achava. A verdade é que para desanuviar da política comecei ir mais à bola apoiar a minha segunda paixão vermelha : o Benfas.
 Quando vi o 1-2 em casa contra o Porto, lembrando-me do 5-0 no Dragão e mais recentemente 1-3 na meia-final da Taça; percebi tudo: Os 6% do IVA no golf serviram para que as bolas de golf fossem acessíveis a todos os adeptos do Benfica, que na quarta-feira passada faziam nevar flocos de neve que podiam ter rachado cabeças. Mas as únicas cabeças a rachar foram as dos próprios benfiquistas ao baterem com  a cara numa parede qualquer após o golo do Falcão.
Ainda tenho um penso na testa.
Mas os nossos políticos (os da bola e os outros) são ainda mais inteligentes! O FMI vai ser a próxima organização de futebol com ligas internacionais. Se este ano, o fim da liga Europacontempla dois países conhecidos do FMI, a Irlanda (a final será em Dublin) e Portugal (a não ser que as 3 equipas morram todas num acidente de avião), para o ano a liga do FMI vai contar com Espanha, França, Itália, etc...

Quem sabe se a liga FMI na próxima época não vai ter excesso de participantes....

quarta-feira, 16 de março de 2011

Notas de História 3: Neocolonialismo e Terceiro Mundo.

Apesar da independência política obtida, os novos países africanos continuaram em muito dependentes das suas ex-metrópoles economicamente, devido ao seu atraso económico, consequência de anos de colonialismo. Grandes companhias europeias instaladas nas ex-colónias exploravam as matérias-primas,a mão-de-obra, os sectores agrícolas e extractivos a baixo preço, vendendo os seus produtos industrializados a altos preços. Isto representava mais um entrave ao desenvolvimento económico africano pois os lucros das empresas nunca eram investidos nos locais, e a troca comercial mostrava-se deficitária para os africanos.
Um novo conceito de afirmação internacional também fora criado : Terceiro Mundo. Associado ao Terceiro Estado, representação do povo nos Estados Gerais nas vésperas da revolução francesa, Terceiro Mundo designava os novos países de Africa de da Ásia, que eram simultaneamente os mais populosos e os mais pobres. Outro aspecto desta nova designação diz respeito à recusa da adesão a qualquer um dos blocos do mundo, procurando outras alternativas políticas. Em 1955, na conferência de Bandung tentou-se identificar a política do Terceiro Mundo. No entanto, com 29 delegações afro-asiáticas, as divergências políticas não permitiram encontrar unanimidade política. No entanto, foi possível definirem-se 3 pontos: 1- A condenação do colonialismo ou neocolonialismo; 2- O apelo à resolução pacífica das divergências internacionais; 3- Não compactuarem com a bipolarização do mundo.
Neste sentido, estes países fizeram um esforço para estreitarem as relações diplomáticas com os países colonizadores , o que se revelou numa forma de combate ao colonialismo.
O último ponto de Bandung deu aso à conferência de Belgrado (1961) em que se definiu uma política de Não-Alinhamento com os blocos Ocidental e Leste. Esta decisão tornou-se símbolo de liberdade e independência . No entanto, o fraco desenvolvimento económico continuou a ser um condicionante à afirmação do Terceiro Mundo, tendo-se verificado uma aproximação do Bloco de Leste que se apresentou mais adepto à causa por não ter relações com países ex-colonizadores, ao contrário dos EUA.

Notas de História: 2ª Vaga de Descolonização

A segunda vaga de descolonização inicia-se no Norte Africano, mais desenvolvido e arabizado, mas que ainda se via em grande parte sob o domínio europeu (Egipto, Líbia, Tunísia). No entanto, os movimentos independentistas  rapidamente se propagaram pelo resto de África. Acompanhando este desejo de independência, nasceram os movimentos nacionalistas. África, fruto do colonialismo europeu, estava dividida em territórios com fronteiras artificiais que agregavam várias populações com religiões e etnias diferentes, o que dificultava a unidade e a adesão a estes movimentos. Neste sentido, os líderes independentistas/nacionalistas necessitaram de criar um sentimento de identidade que unisse as populações para a mesma causa. Baseando-se no que tinham em comum, criaram-se 3 conceitos : A Negritude (que dizia respeito à cor da pele, para diferenciar os nativos dos colonos), a Africanidade ( afirmando a cultura e o passado em comum) e a Pan-Africanidade (inerente ao desejo de uma África Unida). Estes três pontos tornaram a cultura africana tão válida como a Ocidental, segundos os líderes. Muitos destes líderes beneficiaram com formações feitas em países desenvolvidos, o que lhes dava maior conhecimento humanitário, assimilando valores de igualdade e liberdade que tentavam transmitir às suas nações. Este aspecto traduziu-se numa luta política e contra a pobreza, o que fez com que muitos destes movimentos aderissem à causa Socialista.
Em 1960, a ONU toma o lado destes movimentos com a aprovação da resolução 1514.

Notas de História: A Ascensão da Europa pós-2ª Guerra Mundial

Os dois conflitos mundiais prejudicaram sobretudo a Europa, principalmente por ela ter sido o palco destas duas guerras. As guerras trouxeram elevados números de morte, destruição e fome, o que representou num grande entrave económico europeu. Neste sentido, os líderes europeus consideraram que seria através da colaboração para objectivos comuns, e não pela competitividade marcada pelos nacionalismo de outrora, que poderiam combater a crise existente.
No entanto, esta nova colaboração também visava melhorar as relações entre os países europeus para garantir a segurança e a paz e, consequentemente, restabelecer a influência política.
Poderemos considerar como o primeiro passo para esta nova política europeia a "Declaração de Schuman"(1950), em que ficara estipulada a cooperação no domínio da produção do carvão e do aço entre a Alemanha e a França. Recorde-se que os territórios da Alsácia-Lourena, ricos nestes dois materiais, tinham sido, em parte, causa das duas grandes guerras. O carvão enquanto alto recurso energético e o aço enquanto matéria-prima para armamento bélico. É natural, portanto, que esta declaração também tivesse em vista apaziguar a França que tanto desconfiava da vizinha e rival Alemanha.
Esta tendência de inter-ajuda foi reforçada quando em 1951 é criada a CECA (comunidade europeia do carvão e do aço), tendo como países fundadores a França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Esta organização representava das estratégias: Uma económica, para a revitalização da indústria; e outra política, pois viu-se que o melhoramento das relações económicas conduziria ao melhoramento das relações políticas, e por isso, a uma estabilidade maior.
Em 1957, alargam-se os campos desta instituição com a assinatura do Tratado de Roma. A CECA passou para CEE (comunidade económica europeia), tendo-se criado um mercado comum de livre circulação de trabalhadores, capitais, produtos e de serviços (nomeadamente os transportes, o sector agrícola e energético).  Para o sector energético criou-se outra instituição chamada EURATOM, com destino à regulamentação e cooperação na gestão da energia atómica. O Mercado Comum viu-se concretizado com a criação de uma Pauta Aduaneira que propunha uma taxa igualitária aplicada a todas as trocas comerciais entre os países comunitários e terceiros. Mais uma vez, esta mediada viabilizava uma concorrência económica aos EUA e consolidar o a Europa, dando segurança relativamente à Alemanha e à URSS.
O sucesso foi tão marcante, que em 1976 mais 3 países se integraram na CEE, referindo-me à Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
A Europa acabava de entrar na estrada ao progresso.

sábado, 12 de março de 2011

Gerações à Rasca

Hoje, dia 12 de Março de 2011, está marcada uma manifestação que se intitula "Protesto da Geração À Rasca". É curioso observar como esta manifestação inicialmente tinha todos os motivos da sua existência, mas rapidamente se reduziu a mais uma manifestação sem causa, relacionada com o falso sentimento de mudança que hoje em dia está na moda.
A verdade é que a geração "à rasca" primordialmente se referia à geração acabada de se licenciar e empregada, que tenta independentizar-se dos seus pais, mas falha devido ao salário baixo e à falta de oportunidades de emprego sustentável e estável.

No entanto, rapidamente a manifestação mudou o seu objectivo e legitimidade. Obedecendo ao princípio do século XXI "quantos mais melhor", os responsáveis pela manif. alargaram o conceito de "geração à rasca" de tal forma que no seu manifesto se identificam com : " Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal."


O que se sucede  é que ao juntar tanta gente diferente com tantos motivos de protesto não se consegue dar uma unidade ao protesto e em vez de se tratar de uma manifestação com um corpo e uma causa, trata-se de pessoas a fazerem barulho e a cantar os lemas clichês insultuosos que apenas tiram credibilidade à causa.


Também ouvi dizer que o PNR ia ter uma manifestação marcada para hoje em Lisboa, e que se iriam colar à "geração à rasca". Confesso que não tenho a certeza desta informação mas se tal for verdade, denuncia duas coisas : 
1- O PNR é tipo o miúdo de que ninguém gosta e que nas fotografias poem-se tipo emplastro à espera que alguém note nele.


2- Que o protesto hoje em dia é uma actividade de fim-de-semana em que não são precisos motivos senão não ter nada para fazer e querer pôr as fotografias no facebook de "participação política" (note-se o meu tom irónico).


Para aqueles que verdadeiramente são afectados e estão realmente descontentes com o seu estado actual, dou-vos um conselho: Nas próximas legislativas, em vez de votarem  no PS e no PSD como têm feito até hoje, procurem outras alternativas e caso não encontrem votem em branco.


Se o Governo tem legitimidade para governar porque fomos nós a escolhe-lo, então, caso o Governo  governe mal a culpa é nossa.


Há mais 4 partidos na assembleia.