quarta-feira, 16 de março de 2011

Notas de História 3: Neocolonialismo e Terceiro Mundo.

Apesar da independência política obtida, os novos países africanos continuaram em muito dependentes das suas ex-metrópoles economicamente, devido ao seu atraso económico, consequência de anos de colonialismo. Grandes companhias europeias instaladas nas ex-colónias exploravam as matérias-primas,a mão-de-obra, os sectores agrícolas e extractivos a baixo preço, vendendo os seus produtos industrializados a altos preços. Isto representava mais um entrave ao desenvolvimento económico africano pois os lucros das empresas nunca eram investidos nos locais, e a troca comercial mostrava-se deficitária para os africanos.
Um novo conceito de afirmação internacional também fora criado : Terceiro Mundo. Associado ao Terceiro Estado, representação do povo nos Estados Gerais nas vésperas da revolução francesa, Terceiro Mundo designava os novos países de Africa de da Ásia, que eram simultaneamente os mais populosos e os mais pobres. Outro aspecto desta nova designação diz respeito à recusa da adesão a qualquer um dos blocos do mundo, procurando outras alternativas políticas. Em 1955, na conferência de Bandung tentou-se identificar a política do Terceiro Mundo. No entanto, com 29 delegações afro-asiáticas, as divergências políticas não permitiram encontrar unanimidade política. No entanto, foi possível definirem-se 3 pontos: 1- A condenação do colonialismo ou neocolonialismo; 2- O apelo à resolução pacífica das divergências internacionais; 3- Não compactuarem com a bipolarização do mundo.
Neste sentido, estes países fizeram um esforço para estreitarem as relações diplomáticas com os países colonizadores , o que se revelou numa forma de combate ao colonialismo.
O último ponto de Bandung deu aso à conferência de Belgrado (1961) em que se definiu uma política de Não-Alinhamento com os blocos Ocidental e Leste. Esta decisão tornou-se símbolo de liberdade e independência . No entanto, o fraco desenvolvimento económico continuou a ser um condicionante à afirmação do Terceiro Mundo, tendo-se verificado uma aproximação do Bloco de Leste que se apresentou mais adepto à causa por não ter relações com países ex-colonizadores, ao contrário dos EUA.

Notas de História: 2ª Vaga de Descolonização

A segunda vaga de descolonização inicia-se no Norte Africano, mais desenvolvido e arabizado, mas que ainda se via em grande parte sob o domínio europeu (Egipto, Líbia, Tunísia). No entanto, os movimentos independentistas  rapidamente se propagaram pelo resto de África. Acompanhando este desejo de independência, nasceram os movimentos nacionalistas. África, fruto do colonialismo europeu, estava dividida em territórios com fronteiras artificiais que agregavam várias populações com religiões e etnias diferentes, o que dificultava a unidade e a adesão a estes movimentos. Neste sentido, os líderes independentistas/nacionalistas necessitaram de criar um sentimento de identidade que unisse as populações para a mesma causa. Baseando-se no que tinham em comum, criaram-se 3 conceitos : A Negritude (que dizia respeito à cor da pele, para diferenciar os nativos dos colonos), a Africanidade ( afirmando a cultura e o passado em comum) e a Pan-Africanidade (inerente ao desejo de uma África Unida). Estes três pontos tornaram a cultura africana tão válida como a Ocidental, segundos os líderes. Muitos destes líderes beneficiaram com formações feitas em países desenvolvidos, o que lhes dava maior conhecimento humanitário, assimilando valores de igualdade e liberdade que tentavam transmitir às suas nações. Este aspecto traduziu-se numa luta política e contra a pobreza, o que fez com que muitos destes movimentos aderissem à causa Socialista.
Em 1960, a ONU toma o lado destes movimentos com a aprovação da resolução 1514.

Notas de História: A Ascensão da Europa pós-2ª Guerra Mundial

Os dois conflitos mundiais prejudicaram sobretudo a Europa, principalmente por ela ter sido o palco destas duas guerras. As guerras trouxeram elevados números de morte, destruição e fome, o que representou num grande entrave económico europeu. Neste sentido, os líderes europeus consideraram que seria através da colaboração para objectivos comuns, e não pela competitividade marcada pelos nacionalismo de outrora, que poderiam combater a crise existente.
No entanto, esta nova colaboração também visava melhorar as relações entre os países europeus para garantir a segurança e a paz e, consequentemente, restabelecer a influência política.
Poderemos considerar como o primeiro passo para esta nova política europeia a "Declaração de Schuman"(1950), em que ficara estipulada a cooperação no domínio da produção do carvão e do aço entre a Alemanha e a França. Recorde-se que os territórios da Alsácia-Lourena, ricos nestes dois materiais, tinham sido, em parte, causa das duas grandes guerras. O carvão enquanto alto recurso energético e o aço enquanto matéria-prima para armamento bélico. É natural, portanto, que esta declaração também tivesse em vista apaziguar a França que tanto desconfiava da vizinha e rival Alemanha.
Esta tendência de inter-ajuda foi reforçada quando em 1951 é criada a CECA (comunidade europeia do carvão e do aço), tendo como países fundadores a França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Esta organização representava das estratégias: Uma económica, para a revitalização da indústria; e outra política, pois viu-se que o melhoramento das relações económicas conduziria ao melhoramento das relações políticas, e por isso, a uma estabilidade maior.
Em 1957, alargam-se os campos desta instituição com a assinatura do Tratado de Roma. A CECA passou para CEE (comunidade económica europeia), tendo-se criado um mercado comum de livre circulação de trabalhadores, capitais, produtos e de serviços (nomeadamente os transportes, o sector agrícola e energético).  Para o sector energético criou-se outra instituição chamada EURATOM, com destino à regulamentação e cooperação na gestão da energia atómica. O Mercado Comum viu-se concretizado com a criação de uma Pauta Aduaneira que propunha uma taxa igualitária aplicada a todas as trocas comerciais entre os países comunitários e terceiros. Mais uma vez, esta mediada viabilizava uma concorrência económica aos EUA e consolidar o a Europa, dando segurança relativamente à Alemanha e à URSS.
O sucesso foi tão marcante, que em 1976 mais 3 países se integraram na CEE, referindo-me à Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
A Europa acabava de entrar na estrada ao progresso.

sábado, 12 de março de 2011

Gerações à Rasca

Hoje, dia 12 de Março de 2011, está marcada uma manifestação que se intitula "Protesto da Geração À Rasca". É curioso observar como esta manifestação inicialmente tinha todos os motivos da sua existência, mas rapidamente se reduziu a mais uma manifestação sem causa, relacionada com o falso sentimento de mudança que hoje em dia está na moda.
A verdade é que a geração "à rasca" primordialmente se referia à geração acabada de se licenciar e empregada, que tenta independentizar-se dos seus pais, mas falha devido ao salário baixo e à falta de oportunidades de emprego sustentável e estável.

No entanto, rapidamente a manifestação mudou o seu objectivo e legitimidade. Obedecendo ao princípio do século XXI "quantos mais melhor", os responsáveis pela manif. alargaram o conceito de "geração à rasca" de tal forma que no seu manifesto se identificam com : " Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal."


O que se sucede  é que ao juntar tanta gente diferente com tantos motivos de protesto não se consegue dar uma unidade ao protesto e em vez de se tratar de uma manifestação com um corpo e uma causa, trata-se de pessoas a fazerem barulho e a cantar os lemas clichês insultuosos que apenas tiram credibilidade à causa.


Também ouvi dizer que o PNR ia ter uma manifestação marcada para hoje em Lisboa, e que se iriam colar à "geração à rasca". Confesso que não tenho a certeza desta informação mas se tal for verdade, denuncia duas coisas : 
1- O PNR é tipo o miúdo de que ninguém gosta e que nas fotografias poem-se tipo emplastro à espera que alguém note nele.


2- Que o protesto hoje em dia é uma actividade de fim-de-semana em que não são precisos motivos senão não ter nada para fazer e querer pôr as fotografias no facebook de "participação política" (note-se o meu tom irónico).


Para aqueles que verdadeiramente são afectados e estão realmente descontentes com o seu estado actual, dou-vos um conselho: Nas próximas legislativas, em vez de votarem  no PS e no PSD como têm feito até hoje, procurem outras alternativas e caso não encontrem votem em branco.


Se o Governo tem legitimidade para governar porque fomos nós a escolhe-lo, então, caso o Governo  governe mal a culpa é nossa.


Há mais 4 partidos na assembleia.