Nos últimos exames nacionais que fiz tive 12 a Português e 12 a História. Fui com média de 16 e de 17, respectivamente. Fartei-me de estudar, fiz os exames que me pareceram facílimos e comparei as minhas respostas com os critérios de correcção do GAVE. Tudo parecia encaixar-se e sempre apontei para notas mais elevadas. Diria mesmo que achei possível ter 20 a Português. Como qualquer estudante pode perceber, estes exames desceram em muito a minha média final de cada disciplina e poderá comprometer a minha entrada na faculdade. Sempre fui um aluno especialmente interessado nestas duas disciplinas. Como ainda não vi o meu exame também não posso falar com certezas mas tenho uma imagem bem nítida do que fiz e não concordo com nenhuma das notas. Isto poderá soar cliché, visto que toda a gente com maus resultados costuma refilar dos exames. Há sempre quem gosta de culpar o corrector, há quem culpe os professores, há quem culpe o amigo que convidou para uma saída à noite durante o período de estudo, há quem culpe os pais por não terem posto explicações etc.
Mas a minha batalha com os exames já vem desde o ano passado. No11º ano tive exames de Literatura Portuguesa e Geografia A. Embora a Geografia eu não me possa queixar (tive 13 e o recurso só me aumentava para 14 e eu precisava de 15), já a Literatura o caso foi diferente. Tive 15, o que não é nada mau, mas achei que por mérito merecia mais. As correcções na minha folha de exame eram quase inexistentes, contendo apenas frases mal sublinhadas.
Apesar das minhas notas, sempre achei os meus exames nacionais fáceis. E, de facto, é inegável o aumento da facilidade dos exames nos últimos 6 anos (é a realidade que conheço). Segundo esta lógica, eu deveria beneficiar deste facilitismo e ter boas notas. Mas tal não se sucede. Então porquê?
Porque parece que o facilitismo (como não podia deixar de ser) é relativo. O facilistismo, que o Ministério está interessado em manter para apresentar estatísticas em Bruxelas, prende-se com o seguinte ponto de vista: estereotipar as perguntas, bem como as respostas. Que quer isto dizer que as perguntas são feitas de forma a que a resposta seja um reflexo e não um raciocínio. E há quem se adapte muito bem a este modelo. O aluno em vez de raciocinar e conseguir ir mais além do que a questão, focando pontos que por si levantam outras questões e outras conclusões, passa a despejar algo básico, badalado, simples e às vezes até redundante. E o pior, é que este tipo de respostas são salvaguardadas pelos critérios de correcção que não admitem outras perspectivas e (como é o caso do texto B em Port) nem avaliam os conteúdos.
Ah, então devo culpar o Ministério da Educação?
Não. Isso foi no ano passado.
Já no ano passado tinha experienciado os exames e este ano achei não correr o erro do ano passado e estupidificar as minhas respostas ao máximo. E surpresa! Os critérios de correcção vinham de acordo com as minhas respostas. Então como é que tive 12?
Pois, é algo que só saberei amanhã.
Mas então, sem Ministério para culpar, culpo quem?
A mim? Sabendo que estudei mais do que costumo, sendo condescendente com o corrector, estando de acordo com os critérios, tendo feito os exames com grande tranquilidade e estando interessado nas disciplinas?
A mim, que durante os últimos 3 anos de escola construí uma média de 17.2 e 18.6 no meu último ano?
Culpo a minha escola que tem dos melhores professores do país, no top 20 de escolas portuguesas, conhecida por ser exigente?
Não.
Na verdade não existe ninguém culpável pela minha nota.
Um sistema educacional que se abriu só há 37 anos e que formou mal professores, que ensinaram mal os seus alunos, um sistema educacional que se vendeu à quantidade de licenciados, desprezando a qualidade das licenciaturas, que permite irregularidades como completar o secundário em apenas um ano, ou dispensar de exames nacionais ou passar do 8º para o 10 º ano, que não chumba alunos e que se desvirtuou da sua função primordial (educar o país)....
Um sistema educacional destes não permite sequer estabelecer-se uma avaliação justa e igual.
De tal forma que o meu 12, a mim me vale 20.
Pena é saber que na vida profissional vai ser pior.
Com um país mal-educado vai ser difícil querer trabalhar cá e educa-lo.